terça-feira, 9 de setembro de 2008

porto de porto alegre

Primórdios

A região onde se ergue Porto Alegre era primitivamente habitada pelos indígenas tapes Minuano. Com o estabelecimento do Tratado de Tordesilhas em 1494, e com a posterior descoberta do Brasil em 1500, cujo território ficava dividido pela linha demarcada pelo Tratado, a região sob domínio português terminava na altura de Laguna, em Santa Catarina, e o Rio Grande do Sul foi povoado inicialmente por espanhóis que, entretanto, se concentraram na região das Missões.

Contudo, com a União Ibérica, entre 1580 a 1640, estes limites tornaram-se relativamente inócuos. Havendo pouco interesse da metrópole por estas terras aparentemente sem dono, diversos desbravadores começaram a se estabelecer ali, e quando Portugal recobrou sua independência, em 1640, já havia muitas estâncias portuguesas na região, especialmente ao norte da Lagoa dos Patos e junto à desembocadura do rio Jacuí. Em 1680 os portugueses fundam no Uruguai a Colônia do Sacramento, hoje cidade de Colônia, e o litoral riograndense passou a ser percorrido intensamente por eles como caminho para abastecimento da colônia e como forma de garantir a posse do território.

[editar] Início da colonização - As sesmarias e os açorianos

Em 5 de novembro de 1740 Jerônimo de Ornellas recebeu concessão provisória de uma sesmaria que se estendia da recém-fundada Capela Grande do Viamão até o lago Guaíba, terras que já ocupava desde 1732, tendo instalado ali uma estância para criação de gado e sua residência. Junto à antiga desembocadura do arroio Dilúvio já existia um ancoradouro, o Porto do Viamão, que se tornou também conhecido como o Porto do Dorneles.

Em 1742 o rei de Portugal, atendendo a solicitação do brigadeiro José da Silva Paes, publicou um edital autorizando a emigração de açorianos para o sul do Brasil, que de início deveriam se fixar na região de Santa Catarina. Em 7 de dezembro de 1744, Jerônimo de Ornellas recebeu, por Carta Régia, a confirmação de posse das terras já ocupadas, e intensificou sua criação de gado.

Em 1750, após a assinatura do Tratado de Madrid, ordenou-se ao governador de Santa Catarina, Manoel Escudeiro de Souza, que enviasse ao Porto do Viamão uma leva dos casais que estavam para chegar dos Açores. Em 1751 foram selecionadas 60 famílias, perfazendo um total de cerca de 300 pessoas, que chegaram ao local em janeiro de 1752, sendo encaminhadas a terras já demarcadas no Morro de Santana. Mas o local era pobre em fontes de água e foi abandonado, tendo a população se fixado junto do porto, que por esta razão passou a ser conhecido como Porto dos Casais.

Wendroth: Porto Alegre vista do sul, c. 1852
Wendroth: Porto Alegre vista do sul, c. 1852
Wendroth: Porto Alegre vista das ilhas do Guaíba, c. 1852
Wendroth: Porto Alegre vista das ilhas do Guaíba, c. 1852
Vista da Praça da Matriz em meados da década de 1880. Acervo do Museu Joaquim Felizardo
Vista da Praça da Matriz em meados da década de 1880. Acervo do Museu Joaquim Felizardo

Em 1752 chegou nova leva de açorianos, que se juntaram a cerca de 60 milicianos do destacamento do Coronel Cristóvão Pereira de Abreu, para cá enviados a fim de dar proteção e assistência aos habitantes. Junto com a tropa veio o primeiro religioso, um capelão militar Carmelita, Frei Faustino Antônio dos Santos Alberto Silva. Ainda em 1752, Jerônimo de Ornellas, sentindo-se prejudicado com a ocupação, pelos açorianos, da Ponta da Península, vendeu as suas terras a Ignácio Francisco, e parte da área foi desapropriada a fim de marcar as áreas agrícolas e projetar as ruas da povoação nascente, que começava a crescer desordenada. O primeiro logradouro construído foi o cemitério, na beira do Guaíba e nas proximidades da Praça da Harmonia que, em seguida, foi transferido para o Morro da Praia, atual Praça da Matriz.

Com a queda, em 1763, da então capital da província, a vila de Rio Grande, nas mãos dos espanhóis, a capital foi transferida para Viamão, e grande parte da população de Rio Grande refugiou-se no Porto dos Casais, que foi elevada a Freguesia em 26 de março de 1772, data oficial de fundação da atual capital dos gaúchos. Seu traçado inicial foi feito neste ano pelo cartógrafo Capitão Alexandre José Montanha, na região desapropriada da Sesmaria de Santana, os originais deste traçado nunca foram encontrados.

Ainda em 1772 Porto Alegre foi desligada da jurisdição eclesiástica de Viamão por uma pastoral do bispo do Rio de Janeiro, instalando-se, assim, a Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais. Essa denominação seria mudada em janeiro do ano seguinte para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. Acompanhando o crescimento da população e em reconhecimento da importância estratégica do porto, o governador Marcelino de Figueiredo transferiu novamente a capital em 1773, que passou de Viamão para Porto Alegre.

O alvará de 23 de agosto de 1808 e a Resolução Régia de 7 de outubro de 1809 elevaram a freguesia à categoria de vila, verificando-se a instalação a 11 de dezembro de 1810. Através de alvará de 16 de dezembro de 1812 Porto Alegre tornou-se sede da Capitania de São Pedro do Rio Grande e cabeça da comarca de São Pedro do Rio Grande e Santa Catarina.

Em 26 de abril de 1821 eclodiu uma revolta na cidade, quando a Câmara, desobedecendo a determinações da Constituição Portuguesa que havia sido jurada, elegeu uma junta ministerial, que governou de 22 de fevereiro até 8 de março de 1822. Em 14 de abril deste ano, por decreto de D. Pedro I, a vila ganhou foro de cidade.

[editar] A Revolução Farroupilha

Ver artigo principal: Revolução Farroupilha

Em 20 de setembro de 1835, como resultado de insatisfação econômica e política, e culminando uma série desentendimentos com o governo central, foi iniciado na cidade um conflito que logo tomou um cunho republicano e separatista, a Revolução Farroupilha. O primeiro combate travou-se na antiga Ponte da Azenha, e no dia seguinte a cidade foi ocupada pelas forças revolucionárias, chefiadas pelos coronéis José Gomes de Vasconcelos Jardim e Onofre Pires da Silveira. No dia 25 entrava solenemente na cidade o General Bento Gonçalves da Silva, e a Câmara Municipal e a Assembléia Provincial Legislativa deram posse ao novo Presidente, Dr. Marciano Pereira Ribeiro. Porto Alegre esteve sob o domínio revolucionário até 15 de junho de 1836, quando o legalista Major Manoel Marques de Souza, mais tarde Conde de Porto Alegre, conseguiu retomar a cidade.

Porto Alegre consegiu resistir a todos os cercos e ataques farroupilhas, permanecendo fiel ao governo imperial, razão por que a cidade recebeu do Imperador Dom Pedro II, em novembro de 1841, o título de Mui Leal e Valerosa Cidade de Porto Alegre.

[editar] Crescimento

Vista do cais do porto no final do século XIX
Vista do cais do porto no final do século XIX
Abertura da avenida Borges de Medeiros e construção do viaduto Otávio Rocha. Acervo do Museu Joaquim Felizardo
Abertura da avenida Borges de Medeiros e construção do viaduto Otávio Rocha. Acervo do Museu Joaquim Felizardo

Apesar do inchaço populacional daqueles tempos de guerra, a malha urbana só voltaria a crescer em 1845, após o fim da revolução e da derrubada das muralhas que cercavam a cidade. A partir de então, chegaram à cidade os primeiros imigrantes alemães e italianos, instalando restaurantes, pensões, pequenas manufaturas, olarias, alambiques e diversos estabelecimentos comerciais.

No período de 1865 a 1870 a Guerra do Paraguai transformou a capital gaúcha na cidade mais próxima do teatro de operações. A cidade recebe dinheiro do governo central, além de serviço telegráfico, novos estaleiros, quartéis, melhorias na área portuária, além da construção do primeiro andar do novo Mercado Público. Em 1872 as primeiras linhas de bonde entram em circulação na cidade. Em 1884 decreta-se a libertação de seus escravos, quatro anos antes da Lei Áurea.

[editar] Século XX e contemporaneidade

No fim do século XIX e no início do século XX, período em que a cidade já contava com cerca de 70 mil habitantes, intensas obras de melhoria são realizadas, como instalação de eletricidade, rede de esgotos, transporte elétrico, água encanada, hospitais, ambulâncias, telefonia e indústrias. Também foram instaladas as primeiras faculdades: Farmácia e Química em 1895, Engenharia em 1896, Medicina em 1898 e Direito em 1900.

Nesta época a cidade e o estado receberam grande influência da doutrina Positivista, e Porto Alegre tornou-se um dos seus pólos de irradiação para o Brasil. Além de sua feição humanística, filosófica e política, o Positivismo exerceria influência também no boom de edificações públicas de caráter monumental que aconteceu no início do século, quando se ergueram alguns dos mais significativos e belos prédios históricos da capital, alguns carregados de simbolismo, incluindo-se o Palácio Piratini, a Prefeitura, a Biblioteca Pública e a Delegacia Fiscal.

Nova agitação aconteceria em 3 de outubro de 1930, quando Getúlio Vargas desencadeou um movimento que acabou por causar a queda da Primeira República. Outros momentos marcantes de sua história recente foram o movimento da Legalidade, encabeçado por Leonel Brizola, uma das causas do golpe militar de 1964, a criação do sistema administrativo do Orçamento Participativo, na década de 90, que projetou a cidade internacionalmente, sendo tomado como modelo de administração pública, e a realização das três primeiras edições do Fórum Social Mundial, em 2001, 2002 e 2003.

[editar] Os nomes de Porto Alegre

Vista do centro da cidade a partir do lago Guaíba
Vista do centro da cidade a partir do lago Guaíba

[editar] Ver também

[editar] Ligações externas

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